Reunião Empresarial Mesa Redonda 2015
02/12/2015
Um time de especialistas das áreas política, econômica e imobiliária participou da mesa-redonda “Perspectivas para o Brasil em 2016 e tendências do setor imobiliário”, realizada pelas entidades parceiras Fiabci-Brasil e Secovi-SP, no dia 2/12, em São Paulo.
Para uma retrospectiva política e econômica do País, analisar o comportamento do mercado imobiliário em 2015, e apontar as tendências para 2016, as parceiras Fiabci-Brasil e Secovi-SP promoveram, no dia 2 de dezembro, em São Paulo, a tradicional mesa-redonda, que todos os anos encerram o calendário de eventos conjuntos dessas entidades.
Coordenada por Flavio Amary, vice-presidente do Interior do Secovi-SP e eleito presidente do Sindicato para o biênio 2016-2018, a mesa-redonda foi integrada por Rodrigo Luna, presidente da Fiabci-Brasil; Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP; Octavio de Lazari Junior, diretor Executivo Gerente do Bradesco e ex-presidente da Abecip; o economista e consultor Affonso Celso Pastore, e a jornalista política Eliane Catanhêde, colunista do jornal O Estado de S.Paulo e comentarista do GloboNews em Pauta.
Com a presença expressiva de empresários e profissionais imobiliários, jornalistas, economistas e demais interessados, o evento permitiu profunda analise das condições macroeconômicas e políticas do País, além de prospectar o mercado imobiliário para 2016.
Cenário de grandes desafios para o Brasil e para o mercado imobiliário
Abrindo os trabalhos, o presidente da Fiabci-Brasil destacou que o cenário é um dos piores já vistos no mercado imobiliário nos últimos anos. Para Rodrigo Luna, a retração da economia e a crise política são os responsáveis pela grave crise vivida pelo mercado imobiliário, que apresenta queda nas vendas e no número de lançamentos, e consequente aumento dos estoques.
Luna destacou que são necessárias várias medidas para que o país volte a crescer e para que o mercado imobiliário retome sua trajetória. “Estamos certos de que só é possível vislumbrar a estabilização da economia e a retomada de seu crescimento com os prementes ajustes políticos, jurídicos e econômicos do País”, afirmou o presidente da Fiabci-Brasil, que também elencou várias perguntas que durante este ano de 2015 permaneceram sem respostas e atravancando a economia e mercado imobiliário.
Já Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, fez um pequeno balanço do setor. “Deveremos encerrar 2015 com queda de 38% em lançamentos, 20% em vendas e uma alta de 5% no estoque de unidades prontas, na planta e em construção. Em nível nacional, os lançamentos devem se retrair 24% e as vendas, 7%”, estimou. Considerou que é o momento de, novamente, as empresas se reinventarem, lançarem novas tipologias, encontrarem nichos de mercado e novas formas de trabalho, de forma a continuar cumprindo o fundamental papel social da industrial imobiliária, que é o de ofertar moradia.
Conforme destacou Octavio de Lazari Junior, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o crédito imobiliário no Brasil é sustentado por quatro pilares: baixa taxa de desemprego; alta confiança do consumidor; crescimento de renda e inflação controlada. Para ele, o momento atual é de deterioração desses quatro pilares. “Com o aumento do desemprego, que já passou dos 8%, a alta da inflação e reajustes salariais que não cobrem a alta dos preços, a confiança do consumidor cai e a inadimplência sobe. Como consequência, os bancos emprestam menos dinheiro”, destacou. Em 2013 e 2014, foram desembolsados R$ 110 bilhões, que financiaram 500 mil unidades. Neste ano de 2015, essa cifra deve ficar entre R$ 85 e R$ 90 bilhões.
"Estamos numa crise profunda de natureza dupla: econômica, que tem componente fiscal gigantesco, e política, na qual foi perdida a condição de governabilidade", afirmou Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e sócio da A.C.Pastore & Associados. O economista disse que o PIB deve ter retração novamente no quarto trimestre deste ano de 2015, e, depois, ao menos mais dois trimestres em baixa em 2016. "Quando isso tiver terminado, as pessoas vão descobrir que essa foi a maior recessão da história do País e mais profunda que a de 2008", acrescentou.
Antes do espaço aberto para perguntas do público, e encerrando as palestras da mesa-redonda, a jornalista política Eliane Cantanhêde delineou o ambiente de incertezas políticas que, horas depois do término do evento, acabou por levar o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, a acolher o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A jornalista também traçou o perfil de Dilma, justificando o porquê de estar isolada politicamente e sem apoio necessário para promover as reformas requeridas para que o País volte aos trilhos.
Abaixo as apresentações das palestras de Octavio de Lazari Junior e Affonso Celso Pastore.
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