CENÁRIO NACIONAL O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor’s abre, além do óbvio problema de seus reflexos na economia, mais um flanco na campanha de Dilma Rousseff. As avaliações de Petrobras e Eletrobrás também caíram. A oposição vai se aproveitar desse revés do governo, que evidentemente não conta mais com a simpatia do mercado. Para completar o quadro ruim para a candidatura do PT, a semana será marcada pela tentativa dos seguidores de Aécio Neves e Eduardo Campos de abrir uma CPI para investigar a compra pela Petrobras da refinaria em Pasadena (EUA), além de um aventado perdão de dívida da Venezuela referente à construção de refinaria em Pernambuco. O jogo político é ligado, no caso, ao marketing: cabe à oposição questionar a imagem de gestora competente da presidente e, ao governo, minimizar os danos. O mal-estar do mercado com a candidatura governista já fora atestado durante a semana passada na Bolsa. Um boato, falso, viu-se depois, que apontava a queda de Dilma na pesquisa do Ibope foi responsável por um súbito e curto otimismo no pregão. No final, de novidade mesmo na pesquisa apenas a contínua queda de Marina Silva nas simulações, o que sugere dificuldades para Eduardo Campos. Marina, que oficialmente será a vice de Campos, foi testada em cenários em que eventualmente seria a cabeça de chapa. A direção do Ibope é cautelosa sobre a possibilidade de o rebaixamento da nota do Brasil e o "imbróglio Petrobras" atingirem inevitavelmente a candidatura Dilma. O instituto entende que o eleitor comum está mais preocupado com o seu cotidiano, leia-se poder de compra e emprego. As questões macro não seriam determinantes na definição do voto. A conferir. CORRIDA NOS ESTADOS Mesmo com a atenção na semana voltada principalmente para o caso Petrobras, as sucessões estaduais começam a definir o quadro de candidaturas em alguns Estados. CEARÁ: Embora o PT ainda formalmente insista, é praticamente impossível que o senador Eunício Oliveira (PMDB) abra mão de sua candidatura para apoiar a reeleição do governador Cid Gomes (PROS). O quadro que está se delineando põe os irmãos Gomes e petistas de um lado, e Eunício em outro palanque. PARÁ: O governador Simão Jatene (PSDB) deve enfrentar Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho. O peemedebista tende a contar com o apoio do PT. Jatene corre para recuperar a imagem, depois que, em novembro do ano passado, pesquisa atestou que apenas 22% dos paraenses aprovavam sua gestão. GOIÁS: Marconi Perillo (PSDB) caminha para tentar a reeleição contra uma oposição dividida. O PT anunciou que não aceita se coligar ao PMDB se aquele partido concorrer com Júnior Friboi. O único peemedebista que poderia ser apoiado pelo partido de Lula seria Iris Rezende, mas dá-se como certo que Junior Friboi já tem a maioria para garantir a legenda do PMDB. Nesse caso, o PT deve lançar o nome do atual prefeito de Anápolis, Antônio Gomide. Em SÃO PAULO, Alckmin (PSDB), Skaf (PMDB) e Padilha (PT) estão centrando esforços, por enquanto, no interior. O tucano quer preservar sua base forte nas cidades fora da Grande São Paulo. Já seus dois principais concorrentes têm como tarefa superar o menor grau de conhecimento. No RIO DE JANEIRO, a retomada forte da questão da violência vai ditar as chances do candidato do governador Sérgio Cabral, o atual vice Pezão. Em todas as aparições públicas de Cabral, Pezão posta-se ao seu lado para as tomadas de imagem. É a tentativa de tornar o peemedebista mais conhecido. Por um lado, ambos podem faturar politicamente se a nova fase de combate à violência, com a ajuda das forças federais, for bem-sucedida. Por outro, se não trouxer resultados no curto prazo, abre grandes riscos à candidatura governista. Na eleição de MINAS GERAIS, o Palácio do Planalto continua tentando, até agora sem sucesso, o apoio do PMDB à candidatura do ex-ministro Fernando Pimentel (PT). Os peemedebistas mantêm a pré-candidatura do senador Clésio Andrade. A reconciliação dos aliados que se tornaram depois desafetos José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz (PRTB) marca a eleição no DISTRITO FEDERAL. Uma filha de Roriz será a vice de Arruda na tentativa de impedir a reeleição de Agnelo Queiroz (PT), governador com baixa avaliação atualmente. O senador Rodrigo Rollemberg, provável concorrente pelo PSB, pode se beneficiar de mais uma reedição do confronto entre PT e os grupos de Roriz e Arruda. |