"Mercado imobiliário e a geração Baby Boomer: oportunidades e expansão" - O Estado de S.Paulo - Cad. Negócios - Pág. B8.
Mercado imobiliário e a geração Baby Boomer: oportunidades e expansão
Com o aumento da população idosa, que seguirá se intensificando nas próximas gerações, surgem oportunidades de investimentos focadas nesse público
A geração Baby Boomer, nascida entre 1945 e 1964, está vivendo uma nova fase da vida: a aposentadoria. Esse momento, mais do que nunca, traz reflexões sobre qualidade de vida, saúde e a possibilidade de estar em locais que ofereçam mais conforto e bem-estar.
Na prática, as necessidades dos idosos são específicas. Quando pensamos em moradias, por exemplo, imóveis adaptados, próximos a serviços de saúde e ambientes tranquilos, são prioridades para muitos deles. Mas sabemos que fatores financeiros influenciam fortemente nesse tipo de decisão.
De acordo com o Relatório Global de Riqueza 2024 da Allianz, os Baby Boomers são considerados a geração mais rica da história, devido à habitação acessível e aos retornos expressivos dos mercados de ações. Considerando esse cenário e as projeções demográficas, o mercado imobiliário brasileiro encontra um nicho promissor nesse público, que pode seguir gerando frutos com o decorrer do tempo.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, até 2046, a população acima de 60 anos representará a maior parcela maior da população do país, atingindo 28%. Essa tendência se intensificará em 2070, quando os idosos serão 37,8%. Com isso, acredita-se que a demanda por moradias e serviços especializados seguirá aquecida.
Investidores internacionais podem ser ainda mais estratégicos, focando também em países que se destacam perante o grupo. Hoje, os três melhores países para idosos estrangeiros viverem são Panamá, Portugal e Costa Rica, segundo o Índice Global de Aposentadoria de 2025 da International Living.
O levantamento considera fatores como facilidade para eles comprarem ou alugarem imóveis, custo de vida, hospitalidade local, acesso à saúde pública e privada, governança, clima e facilidade na obtenção de vistos.
O governo do Panamá oferece um programa de benefícios que inclui isenções de impostos sobre itens domésticos e descontos de 20% a 50% em serviços de hotelaria, alimentação, transporte e saúde. Para participar, é necessário comprovar renda mensal mínima de US$ 1 mil, com acréscimo de US$ 250 por dependente atrelado ao visto.
Portugal, por sua vez, oferece o visto D7 para aposentados com renda estável, que é válido por dois anos, podendo ser renovado por mais três e permitindo um pedido de cidadania permanente após cinco anos no país. Os requisitos incluem comprovação de recursos financeiros suficientes para um ano de residência, seguro-saúde válido na região, comprovante de endereço e renda mínima mensal equivalente a um salário-mínimo português, atualmente de 820 euros.
Costa Rica também oferece essa facilidade por até dois anos, e torna esse tipo de visto renovável, desde que todos os requisitos sejam atendidos. Nesse caso, o programa exige uma pensão vitalícia ou similar superior a US$ 1 mil e visto de turista válido. Para aumentar o número de estrangeiros aposentados, o país também permite a inclusão de dependentes na solicitação do visto.
No entanto, investir no nicho imobiliário da terceira idade, seja no Brasil ou no exterior, exige atenção não apenas às questões financeiras, mas, principalmente, à criação de espaços residenciais que, de fato, promovam saúde, bem-estar e qualidade de vida.
É preciso projetar imóveis com infraestrutura completa e adaptada, que incluam rampas de acesso, corredores amplos, elevadores e outros recursos que facilitam a mobilidade desses moradores. As plantas dos imóveis precisam priorizar o conforto, a acessibilidade e a segurança, sem esquecer da proximidade a hospitais e centros médicos.
Além da estrutura física, é fundamental investir em saúde mental, ou seja, espaços de convivência que promovam a socialização, lazer, atividades recreativas, contato com a natureza e, até mesmo, serviços de saúde integrados ao condomínio. Esses são só alguns dos elementos necessários para uma vida mais plena e independente na velhice.
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